Cepticismo em relação à vacinação: mais um travão à retoma do turismo?
O cepticismo em relação à vacinação tem vindo a aumentar as preocupações sobre o controlo da Covid-19, que pode afectar significativamente o ritmo de recuperação do turismo durante 2021 e mesmo em 2022. Estes dados são preocupantes em todas as regiões, mesmo nos registos dos portugueses numa faixa etária entre os 26 e os 50 anos. Todavia, este facto é particularmente relevante em grandes mercados emissores de turismo como é o caso dos Estados Unidos da América, segundo dados publicados pela GlobalData.
Entre os americanos, a preocupação com a doença é alta, sendo 10% superior à média mundial, uma vez que 52% dos consumidores responderam que estão "extremamente preocupados" numa pesquisa realizada durante o primeiro trimestre de 2021.
No entanto, um inquérito presencial realizado pela GlobalData sobre a vacinação, mostra que 23% dos entrevistados na América do Norte não têm intenção de se vacinar contra a Covid-19, mostrando-se um valor superior a qualquer outra região do mundo e sugere que uma alta percentagem da população dos Estados Unidos não será vacinada neste Verão como esperado (a estimativa das autoridades americanas é terem a população vacinada até 4 de Julho). Por esta razão, torna-se expectável que apesar de mais de 40% dos americanos já tenham sido vacinados, os que se recusarem, 23%, vão travar a recuperação do turismo emissor dos Estados Unidos.
Embora estes valores tenham em consideração os Estados Unidos da América isoladamente, existe alguma diferença nos resultados obtidos quando incluímos para além deste país, Canadá e México. A verdade é que o cepticismo em relação à vacinação é uma tradição algo enraizada nos Estados Unidos. Os números actuais indicam que, embora este país seja o líder global em número total de vacinações ministradas, baixa para a décima posição quando os dados são calculados em relação ao total da população do país, mostrando que somente 27,1% dos americanos receberam ambas as doses (quase a mesma proporção dos que pretendem não tomar).
No que respeita ao turismo, lembrar que a Europa recebeu 53,3 milhões de visitantes dos Estados Unidos em 2019 e este emissor está no top 10 da maioria dos destinos na Europa. Em 2020, as chegadas à Europa dos americanos caíram 75,3%, ainda de acordo com dados da GlobalData. De destacar que os turistas com origem nos Estados Unidos poderão visitar a Europa, como a União Europeia anunciou no final de Abril, mas determinou especificamente que planeia exigir vacinação antes da entrada no continente europeu devido à grave crise pandémica que alguns países atravessam.
Se associarmos a recusa de vacinação à situação grave que alguns países atravessam, temos alguns casos dos quais se destacam neste momento a Índia e o Brasil. Existem, da mesma forma, países que se incluem como destinos de viagem muito procurados pelos europeus, como o Chipre ou a Turquia, tendo este último atingido recentemente um número de mais de 60.000 infecções por dia.
Destinos de luxo como as Bahamas, as Maldivas e a Costa Rica estão actualmente também a debater-se com um aumento das infecções. Em geral, o receio face à entrada de variantes perigosas parece estar a causar medo também noutros países que nos últimos dias apertaram as suas regras. Entre os destinos de viagem muito procurados que reagiram recentemente quando se preparavam para a abertura, temos a Tailândia: o país está novamente a apertar as condições de acesso após o número de casos de Covid ter aumentado significativamente em Abril. Os hotéis de Phuket estão agora novamente fechados, não sendo permitido circular livremente entre as regiões deste país.
Bem mais perto, a Tunísia, está também a impor restrições mais rigorosas como resultado do agravamento da situação. O governo tunisino decidiu que a partir de 3 de Maio todos os visitantes estrangeiros terão de ser submetidos a uma quarentena de sete dias, com a realização de testes PCR adicionais no 5º e 7º dias.
03 Mai 2021